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A Evolução da Camuflagem Militar Americana

Um olhar histórico sobre os padrões que moldaram o universo tático

Desde os primeiros confrontos armados da história, o ser humano busca maneiras de se misturar ao ambiente para aumentar suas chances de sobrevivência. Muito antes de se tornar um conceito técnico, a camuflagem já era aplicada de forma intuitiva. No entanto, foi somente no início do século XX que ela passou a ser estudada de maneira sistemática, inicialmente pelos franceses, depois pelos britânicos e, em seguida, pelos Estados Unidos.

Ao longo das décadas, os uniformes de camuflagem evoluíram constantemente, sempre influenciados pelo período histórico, pelo terreno de atuação e pelo tipo de conflito enfrentado. A seguir, exploramos os principais marcos dessa evolução dentro das Forças Armadas dos Estados Unidos.


Os Primeiros Padrões: Segunda Guerra Mundial

Em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, os Fuzileiros Navais dos EUA que atuavam nas Ilhas Salomão começaram a usar uniformes com padrões verdes e marrons conhecidos como “frog pattern”. Esse tipo de camuflagem utilizava coloração salpicada e disruptiva, inspirada na textura e na aparência da pele de um sapo, ajudando a quebrar o contorno visual do combatente em ambientes de selva.


ERDL e o Início da Pesquisa Científica

Pouco antes da década de 50, o Exército dos Estados Unidos deu um passo importante ao desenvolver um novo padrão de camuflagem por meio do Engineer Research and Development Laboratory (ERDL). Esse padrão utilizava quatro cores, simulando folhas e galhos. Apesar de seu caráter inovador, teve uso limitado e foi rapidamente retirado de serviço.


Vietnã e o Surgimento do Tigerstripe

Em 1965, durante a Guerra do Vietnã, os Boinas Verdes e outras forças de operações especiais passaram a usar uniformes de camuflagem não oficiais, produzidos localmente. Esses uniformes adotavam o padrão Tigerstripe, assim chamado pela semelhança com as listras de um tigre.

Com o tempo, o Tigerstripe foi substituído pelo ERDL Leaf Pattern nas unidades de reconhecimento americanas. Ainda assim, o Civilian Irregular Defense Group (CIDG) — assessorado pelas Forças Especiais do Exército dos EUA — continuou utilizando o Tigerstripe até sua dissolução, em 1971.


Anos 1970: Consolidação do ERDL

Durante os anos 1970, diversos testes e estudos foram realizados para aprimorar os padrões existentes. Nesse período, o ERDL Leaf Pattern consolidou-se como o principal modelo de camuflagem utilizado pelas forças americanas.


Anos 1980: Woodland e Chocolate Chip

No início da década de 1980, dois padrões marcantes foram introduzidos:

Desert Pattern “Chocolate Chip”

Esse padrão de seis cores apresentava uma base em tom areia claro, com grandes manchas verde-pálidas, duas tonalidades de marrom e pontos pretos e brancos sobrepostos. Esses detalhes ajudavam a simular pedras e sombras no ambiente desértico.

M81 Woodland (BDU)

O M81 Woodland Camouflage Battle Dress Uniform (BDU) utilizava marrom, verde, preto e areia. Amplamente adotado, esse padrão permaneceu em uso por diversas unidades até os anos 2000. Embora tenha sido empregado ainda no Vietnã, passou por ajustes para se adequar melhor aos ambientes de maior alcance visual enfrentados nas décadas seguintes.


Guerra do Golfo e a Evolução do Deserto

Durante a Guerra do Golfo, no início dos anos 1990, soldados do Exército, Fuzileiros Navais, Força Aérea e Marinha dos EUA utilizaram amplamente o padrão Chocolate Chip.

Em 1992, ele foi substituído pelo Desert Camouflage Uniform (DCU) de três cores. Apesar de estruturalmente semelhante ao Woodland, o DCU utilizava cores adaptadas ao ambiente desértico. Com o tempo, tanto os BDUs quanto os DCUs foram descontinuados.

Também foi desenvolvida uma versão noturna do DCU, projetada para reduzir a visibilidade diante de câmeras infravermelhas e equipamentos de visão noturna. No entanto, avanços tecnológicos tornaram esse padrão rapidamente obsoleto, levando ao seu encerramento antes de uma adoção em larga escala.


A Busca por um Padrão Universal

Em 2004, o Exército dos Estados Unidos adotou o Universal Camouflage Pattern (UCP), um padrão digital de três cores. O objetivo era criar uma camuflagem capaz de funcionar em qualquer ambiente, eliminando a necessidade de múltiplos uniformes especializados.

Na prática, porém, o UCP apresentou limitações. Durante os conflitos no Afeganistão e no Iraque, operadores das Forças Especiais passaram a utilizar o Desert Tiger Stripe, um padrão comercial com listras horizontais em marrom-escuro, marrom-dourado e bege sobre fundo areia, que oferecia melhor desempenho em terrenos áridos.


Multicam e o Nascimento do OCP

Testado no início dos anos 2000, o Multicam foi amplamente adotado por unidades de Operações Especiais e, em 2010, tornou-se um padrão oficialmente emitido pelo Departamento de Defesa dos EUA. Ele combina tons de bege rosado, marrom-terra e verde-oliva claro, além de áreas menores em marrom-escuro, areia e verde-musgo.

Em 2009, o Multicam original — um design proprietário da Crye Precision — foi modificado pelo U.S. Army Natick Soldier Research, dando origem ao Scorpion W2. Esse padrão serviu como base para o atual Operational Camouflage Pattern (OCP).

As diferenças entre Multicam e OCP incluem:

  • Alterações na cor de fundo, que varia entre verde-claro e marrom-claro em faixas horizontais amplas
  • Uso de oito cores no OCP, com ajustes sutis para evitar conflitos de direitos autorais
  • Remoção de elementos verticais presentes no Multicam original
  • Menor densidade visual no OCP

Essas mudanças eliminaram a necessidade de pagamento de royalties e ainda melhoraram o desempenho visual e no espectro do infravermelho próximo.


OCP: O Padrão Atual

Em 2014, o Departamento do Exército anunciou oficialmente a aposentadoria do Universal Camouflage Pattern e registrou o nome Operational Camouflage Pattern (OCP). Em julho de 2015, iniciou-se a distribuição oficial dos uniformes OCP para as tropas.


Camuflagem como Legado Tático

Na Beartac, valorizamos essa trajetória porque ela representa mais do que estética: é evolução, adaptação e funcionalidade. Ao oferecer equipamentos e produtos inspirados nesses padrões históricos, prestamos homenagem às raízes militares e ao compromisso com desempenho, autenticidade e preparo.

*Conteúdo baseado em um texto de Richard Rice

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